FERNAND´ ESQUIO
( Portugal )
Talvez da pequena nobreza galega. Do lugar que ocupam suas composições nos Cancioneiros, deduz Nunes que deve ter sido um dos últimos trovadores. É autor de 2 antigas cantigas de amor, 4 de amigo e 3 de escárnio e maldizer. Das antigas de amigo sobressai a que aqui se inclui. “Vaiamos, irmãs, vaiamos a dormir”, em que, seguindo um procedimento comum nas cantigas de amigo, de origem popular, com poucos elementos sugere muito: a cena vexatória do amigo que anda a caçar aves, o convite da amiga à irmã para que vão dormir à beira do mesmo lago, a progressiva identificação do amigo com a sexualidade masculina agressiva, e da amiga com as aves feridas pela flecha do amigo.
Das cantigas de escárnio, a de no. RL 147 é uma paródia obscena do temas dos presentes de amor, e de no. 148, uma engenhosa sátira à penúria de um infante, que prometeu ao trovador uma besta: a graça toda da cantiga irá na descrição da besta como uma criatura imaginária, cuidada também por um rapaz que “non ande triste., ne, ande ledo,/nem vaa deante, nem a derredo,/ e nunca cômia, nem beva, nem vesta.”
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VIEIRA, Yara Frateschi. POESIA MEDIEVAL. LITERATURA PORTUGUESA. São Paulo: Global, 1987. 208 p. (Coleção literatura em perspectiva. Série Portuguesa) Ex. bibl. Antonio Miranda
[39] Vaiamos, irmana, vaiamos dormir
nas ribas do lago u eu andar vi
a las aves meu amigo.
Vaiamos, irmana, vaiamos folgar
5 nas ribas do lago u eu vi andar
a las aves meu amigo.
Nas ribas do lago u eu andar vi,
seu arco na mãao as aves ferir,
a las aves meu amigo.
10 Nas ribas do lago u eu vi andar,
seu arco na mãao a las aves tirar,
a las aves meu amigo.
Seu arco na mano as aves ferir
e las que cantavam leixa-las guarir,
15 a las aves meu amigo.
Seu arco na mano a las aves tirar
e las que cantavam non'as quer matar
a las aves meu amigo.
JJN 506 (CBN 1298)
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Página publicada em abril de 2023
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